Estamos perante um momento histórico. Para o bem ou para o mal, 2024 vai ser um ponto de viragem na batalha pelo nosso futuro. O ano passado foi o ano mais quente desde que há registo. Este ano vamos atingir a temperatura que os governos acordaram não ultrapassar para evitar um aquecimento irreversível. Também este ano temos duas eleições que dão o último mandato para decidir se vamos ter o fim aos combustíveis fósseis até 2030 e resolver a crise climática, ou tornar esta inevitável e irreversível. O futuro de todos depende das decisões tomadas hoje por nós.
Aprendemos que este sistema não funciona ao viver neste mundo de crises. Sem casa, sem estabilidade, sem dinheiro para viver… e em breve nem água teremos. Os combustíveis fósseis são uma das bases deste sistema, e não consentimos com que as instituições continuem a permitir guerras e crises em nome do lucro fóssil. Se nada fizermos, o colapso climático é inevitável: sem agricultura, sem sociedade, um mundo de catástrofes semanais que alimenta a ascensão do fascismo que já vemos a acontecer.
Aprendemos que o único plano que nos garante um futuro é o fim ao fóssil até 2030. Só uma transição justa, nos prazos da ciência e baseada nos valores da liberdade e democracia vai evitar o colapso climático e a ascensão da extrema-direita. O primeiro passo para o garantir é criar um serviço público de energias renováveis para paramos de usar gás fóssil para produzir eletricidade até ao fim do ano, usando antes 100% eletricidade renovável e gratuita. Mas nenhum programa político prevê como vamos fazer a transição nos prazos necessários.
Aprendemos na escola que vivemos em crise climática. Os governos e instituições aprenderam isto décadas antes de nascermos. No entanto, todos os anos as emissões aumentam. Esta emergência está a ser ignorada e exacerbada por eles.
Temos de assumir a responsabilidade histórica deste momento e fazer a mudança necessária. Estudantes já mudaram sistemas no passado. Desde as crises académicas que enfrentaram a ditadura ao maio de 68 que começou com protestos estudantis e mobilizou toda a sociedade. Agora, é a nossa vez. Porque a crise climática não vai esperar. E porque se não formos nós, ninguém o fará.É necessário reerguer o movimento estudantil. Como estudantes, somos a força motriz da mudança e a voz da esperança para um futuro melhor. Não podemos continuar a estudar e esperar que isso seja suficiente para termos um futuro assegurado. De que vale um diploma num mundo em chamas?
Precisamos de nos juntar e organizar, de criar uma comunidade onde nos apoiamos e sentimos a alegria e força de lutar por um novo futuro que sabemos ser possível. Já fizemos marchas, ocupámos escolas e interrompemos instituições, ainda assim, os governos e instituições políticas continuam a conduzir-nos para o colapso. Não podemos parar.
Esta primavera, vamos mobilizar-nos e organizar-nos nas escolas, que são os nossos espaços de luta, porque o que temos pela frente precisa de todos nós. E não estaremos sozinhis, este movimento internacional vai mobilizar centenas de estudantes em vários países e continentes. Vamos construir núcleos nas escolas e universidades, organizar eventos, palestras, formações – e trocar ferramentas com outras escolas. Vamos fazer assembleias abertas a todos os estudantes, que poderão participar nas discussões e tarefas. É também aí que estudantes como nós se podem juntar às ações dos próximos meses e decidir em conjunto como fortalecer a nossa presença nas escolas.
Em Maio, vamos ter uma onda de ações para interromper as instituições de pode que nos estão a condenar até que sejam obrigadas a cumprir o plano da ciência, até que tenham um plano para o fim ao fóssil em 2030.
Somos o movimento estudantil que não consente com a nossa condenação em nome do lucro. Se quiseres estar do lado certo da história junta-te a nós. Precisamos da tua coragem e determinação para não dar paz ao sistema fóssil até termos um futuro assegurado