O protesto contava com várias ativistas transfeministas e várias estudantes de Medicina, que vieram acusar o Ministério de inação perante a maior crise que a Humanidade enfrentou.
Fomos apontar o dedo ao governo e às instituições, a quem não vamos dar paz. Continuamos a lutar pelo fim dos combustíveis fósseis até 2030 e relembramos que a crise climática é uma crise de saúde pública.
Dos estudantes que bloquearam as portas do Ministério da Saúde, 4 foram detidos. 3 deles estavam colados e foram retirados somente com recurso à força física. Apesar das garantias iniciais por parte da polícia de que o INEM iria ser chamado para salvaguardar o seu bem-estar, isso não aconteceu.
O nosso protesto era pacífico. Estivemos a parar a normalidade de uma das instituições que nos estão a roubar o futuro. Não podemos consentir, como este Ministério consente, com a condenação à morte de milhões de pessoas.
Estamos perante um Serviço Nacional de Saúde que já está em colapso. Não é difícil perceber que tudo isto será agravado por catástrofes climáticas, que serão cada vez mais extremas e mais frequentes.
Estudantes de Medicina presentes no protesto acrescentam que “o principal dever dos profissionais de saúde é preocupar-se com a saúde bem-estar das pessoas”. Por isso é que estão a lutar; por isso é que estamos todas a lutar. Porque se não a travarmos o colapso climático, milhões de pessoas irão morrer e adoecer.
A crise climática é muito claramente uma crise de saúde pública e uma crise de cuidados. Viemos aqui lutar pela saúde física e mental de todas as pessoas. Porque esta é também uma crise de saúde mental. Sabemos o quão difícil é perceber a realidade desta crise e ver um genocídio a acontecer e ter de continuar a viver o dia a dia normalmente e quanto isso afeta as pessoas.
Relembramos os avisos dos médicos e cientistas, que mostram já um aumento na frequência e gravidade de desastres climáticos e o seu agravamento nos próximos anos, bem como os riscos de novas pandemias. Vão existir também vagas de migrantes climáticos a precisar de cuidados e o SNS não pode negligenciar quem mais dele necessita.
Também sabemos que pessoas marginalizadas são quem vai estar mais vulnerável ao caos climático. Neste momento, pessoas trans já são vítimas de discriminação por parte de um sistema de saúde que lhes está constantemente a falhar. Muitos dos nossos médicos também não estão suficientemente preparados para prestar os cuidados de que necessitam. O movimento por justiça climática é e sempre foi um movimento por justiça social. Não podemos consentir que ninguém seja deixado para trás.
Este protesto está inserido na “Primavera Estudantil pelo Fim ao Fóssil”, uma onda de ações direcionadas às instituições de poder que nos estão a falhar. No próximo dia 8 de junho pedimos a toda a sociedade que junte a nós numa marcha combativa por justiça climática, até ao Gabinete de Representação do Parlamento Europeu em Portugal.