Estamos a caminhar para o colapso climático e social. Em 2019, milhões de estudantes por todo o mundo marcharam, exigindo aos seus governos uma resposta adequada à crise climática. Qual é a resposta adequada que as estudantes devem ter agora, quando os governos nos continuam a falhar?
2023 foi o ano com as maiores emissões de combustíveis fósseis alguma vez registadas. Acabámos de viver o verão mais quente das nossas vidas. No nosso país, vimos de coração apertado os incêndios de setembro. Vimos como devastaram o território e tiraram a vida de pessoas. Vemos como estes fogos se repetem, ano após ano. Vemos a seca no Sul e no Interior, como isso nos obriga a abandonar as terras onde nascemos, para longe das nossas famílias.
A ciência é clara: temos até o final desta década para evitar um ponto sem retorno, em que a crise climática se tornará irreversível. A menos que cortemos drasticamente as emissões de gases de efeito estufa, não há possibilidade de termos o futuro para o qual estamos a estudar. Estamos assustadas, estamos com raiva e não vamos desistir do mundo que os governos estão a destruir.
Não há nenhum governo, em nenhum país, com um plano para evitar a fome em massa, a morte, as doenças, o deslocamento de milhões de pessoas e o colapso completo de ecossistemas e sociedades. A ciência diz-nos que este é o presente e o futuro que todas enfrentaremos, a menos que consigamos acabar com os combustíveis fósseis até 2030 nos países do Norte Global.
Nós, estudantes que nascemos já em catástrofe climática, somos a última geração que pode pará-la. Não permitiremos que vocês roubem o nosso direito a um planeta habitável, a uma vida que valha a pena viver, ao futuro para o qual estamos a estudar e a tudo o que sonhamos poder ser.
Exigimos que o nosso governo apresente um plano para acabar com a queima e uso de combustíveis fósseis no nosso país até 2030, através de uma transição justa que não prejudique aqueles que não causaram esta crise que todas estamos a enfrentar.
Nós, estudantes portugueses e de todo o mundo, exigimos o nosso direito a ter um futuro. Não queremos ter de comprometer nossa educação para garantir esse direito. No entanto, se vocês não nos derem a única medida que pode assegurar as nossas vidas, não teremos outra opção senão lutar por isso.
A menos que vocês atendam a esta reivindicação, no final de abril de 2025 os estudantes sairão das aulas e iniciar um período de duas semanas de paralisação das escolas. Entendemos isto como uma ação legítima e necessária para alcançar esta reivindicação. Também entendemos que, se vocês nos continuarem a falhar, isto será apenas o começo.
Nós não desistiremos do nosso futuro. E vocês?