Dia 15 de setembro, a luta estudantil, pela justiça climática, volta a sair às ruas! Convocamos todas as estudantes, pais, famílias, professores, cientistas, precários e cidadãos a participarem na marcha global pelo clima, em Lisboa às 10h ,na Cidade Universitária.
A Humanidade acabou de viver os meses de Junho e Julho mais quentes alguma vez registados, em milhares de anos.
Sabemos que estes desastres climáticos vão tendencialmente tornando-se cada vez mais extremos,com o agravamento da crise climática.
Já sabíamos disto em 2019, quando fizemos a nossa primeira greve às aulas pelo clima. Sabíamos disto quando organizámos vigílias, marchas, ocupámos escolas, interrompemos aniversários de partidos e fechámos universidades.
O governo sempre teve conhecimento dos avisos dados pela ciência climática, acerca da maior crise alguma vez enfrentada pela Humanidade, tendo escolhido desprezar a ciência,ignorar-nos a nós que a ressalvávamos, e reprimir os estudantes que se manifestavam.
No entanto, o último relatório da ONU (IPCC) é bastante claro: se nada fizermos, vamos alcançar 1.5°C de aquecimento global – a temperatura limite que podemos atingir – antes de 2030. Para impedir isto, o único plano realista é desmantelar já a indústria fóssil e cortar pelo menos 50% das emissões de gases de efeito estufa até 2030, a nível mundial.
O próprio Secretário Geral das Nações Unidas, António Guterres, afirmou que “2023 tem de ser um ano de ação climática decisiva. Precisamos de disrupção para parar a destruição”.
Nós somos a geração que já nasceu em crise climática, e que se depara com o abismo de não ter um futuro no caos climático, devido à inação dos governos e instituições.
Em Portugal, o governo não está à altura da emergência climática: os seus planos atuais,de investimento em gás fóssil, vão levar-nos ao colapso, tendo sistematicamente recusado-se a puxar o travão de emergência da crise climática e a realizar uma transição energética justa, compatível com os prazos da ciência.
O rumo para o qual nos levam os governos e instituições – o do colapso – é inaceitável. Sabemos que o crescente investimento em gás fóssil não só se traduz no agravamento da crise climática, e nas consequências catastróficas que disso advêm, mas também em lucro por parte das empresas e na inflação do custo de vida das pessoas, deixando estudantes e a sociedade vulneráveis aos interesses do sistema fóssil.
Não podemos permitir que o governo continue a agravar a crise climática em que já vivemos, escolhendo continuar a investir em combustíveis fósseis, e em particular no gás fóssil. Não podemos permitir que continuem a ser tomadas decisões que não nos representam e que nos empurram para o colapso.
O plano compatível com a ciência e a justiça climática é acabar com os combustíveis fósseis em Portugal, até 2030 e transicionar para eletricidade 100% renovável e acessível até 2025, garantindo que 2023/24 é o último inverno de gás, no país.
Sabemos que isto implica uma mudança profunda em vários aspetos da sociedade, mas também sabemos que é uma transformação necessária para garantirmos um futuro justo e a nossa sobrevivência enquanto espécie.
No dia 15 de Setembro nós, estudantes furiosos com a injustiça de não termos um futuro mas com coragem para lutarmos e construirmos um mundo mais justo, saímos às ruas numa marcha internacional pela justiça climática, marcada em Lisboa para as 10h na Cidade Universitária, terminando na sede da DGEG – a Direcção-Geral da Energia e Geologia, uma das instituições que representa o falhanço institucional em responder à crise climática e que serve os interesses do investimento em gás fóssil.
Sabemos que apenas marchar não vai conseguir resolver a enorme crise que temos pela frente. Se continuarmos sem um compromisso por parte do governo face às nossas reivindicações para garantir um futuro justo para todas, estamos prontas para, neste Outono, interromper a normalidade não só nas escolas e universidades, mas também nos ministérios, gabinetes e sedes institucionais do governo.
A nossa raiva, mas também a nossa coragem para agir de forma cada vez mais ousada, vai aumentando, à medida que a crise climática se agrava e a inação do governo mantém-se.
Estamos determinadas a vencer – esta é a luta das nossas vidas, pelo nosso futuro!