DIA 24 DE NOVEMBRO FIZEMOS UMA “VISITA DE ESTUDO” A 2 MINISTÉRIOS: OCUPÁMOS O MINISTÉRIO DAS INFRAESTRUTURAS E IMPEDIMOS O FUNCIONAMENTO DO MINISTÉRIO DO AMBIENTE
Dezenas de estudantes pelo fim ao fóssil juntaram-se numa “visita de estudo” aos dois ministérios em protesto contra a inação do governo e das instituições em acabar com os combustíveis fósseis. Esta ação foi o culminar de uma onda de ações estudantis em que dezenas de estudantes criaram disrupção em mais de uma dezena de escolas em Portugal e em instituições de poder, reivindicando o fim ao fóssil até 2030 e eletricidade 100% renovável e acessível até 2025, garantindo que este é o último inverno em que gás fóssil é utilizado para produzir eletricidade.
Ministério das Infraestruturas
As estudantes entraram por volta das 12h e ocuparam o edifício. Vários conectaram-se uns aos outros por tubos, sentando-se no chão do átrio. A porta principal do edifício foi barricada. Neste grupo encontravam-se estudantes de várias escolas, incluindo do grupo Fim ao Fóssil de Coimbra.
Durante mais de 3 horas, 20 estudantes fizeram um sit-in neste Ministério, recusando-se a sair até que o governo se comprometesse a criar um serviço público de energias renováveis que garantisse as nossas reivindicações.
Ocupámos este ministério pois o problema da crise climática não pode ser só resolvido no ministério do ambiente. É um problema sistémico, que necessita do envolvimento de todo o governo e de todas as instituições. No caso deste Ministério, vai ser necessário para desmantelar de forma justa todas as infraestruturas poluentes e criar as necessárias para a transição, como para produção de energia renovável e expansão dos transportes públicos.
As estudantes que estavam neste ministério foram retiradas à força por polícia de choque, que as deteve às 15h, apesar de apenas estarem a exercer pacificamente o seu direito à manifestação. Pelas 23h, metade das estudantes foram libertadas, mas 10 obrigadas a passar a noite detidas, tendo apenas sido libertas no dia seguinte às 16h (mais de 24h depois de terem sido detidas).
Ministério do Ambiente
Por volta das 11h dezenas de estudantes partiram da praça Camões em direção ao Ministério do Ambiente. No início da manifestação, 3 estudantes foram empurrados contra uma parede e revistados por 3 polícias à paisana.
Na rua do Ministério, fomos recebidos por dezenas de polícias de choque, que carregaram sobre os manifestantes e atingiram 1 estudante de 16 anos na cabeça enquanto este estava de costas. O estudante foi levado para o hospital da Estefânia.
Dois estudantes foram detidos por terem conseguido ultrapassar a linha policial para tentar chegar ao Ministério. Entretanto, 2 estudantes menores de idade foram abordados pela polícia, revistados e tiveram as suas malas da escola apreendidas. A nossa assessora de imprensa parou para dizer que era ilegal apreender telemóveis sem justificação, tendo sido algemada e detida por suposta “injúria” à polícia.
Quando a manifestação foi até à esquadra do bairro alto para apoiar as colegas detidas, 10 policias pararam a manifestação e detiveram mais um estudante, por “ter resistido à polícia”, quando estes lhe apreenderam o telemóvel por estar a gravar o protesto.
O Ministério permaneceu fechado durante o dia, devido ao protesto. Mesmo que não tenhamos conseguido entrar, parámos o normal funcionamento deste.
Uma visita bem sucedida
Dois Ministérios foram fechados nesse dia devido aos nossos protestos. Fizemos o que prometemos: parámos o normal funcionamento das instituições que nos estão a levar para o colapso. Esta foi uma das ações mais disruptivas do movimento climático em Portugal. Se é preciso disrupção para parar a destruição, somos e seremos essa disrupção.
Mais de 20 estudantes corajosas e determinadas a lutar por justiça climática foram detidas por exigir um futuro, por soar o alarme de que a nossa casa está a arder, o que mostrou mais uma vez que o governo prefere enviar polícia para nos deter e agredir do que se comprometer a um plano compatível com a ciência. Não podemos esperar que apenas manifestações aceites pelo sistema vão ser suficientes. Vai ser necessário desobedecer, como foi necessário para todas as mudanças sistémicas, das sufragistas a Rosa Parks.