Dia 10 de novembro atirámos tinta ao Ministério do Ambiente e da “Ação Climática” e colámos na porta de entrada um plano para um serviço público de energias renováveis.
Esta semana todos percebemos que o governo falhou. Mas não é só ele que nos está a falhar, são todas as instituições que seguem a lógica de um sistema virado para o lucro.
Fomos ao Ministério mostrar o que todos viram com a queda do governo: quem aperta as mãos com o sistema fóssil suja-se. A corrupção é inevitável num sistema vergado às empresas, em que governos e instituições negoceiam o nosso futuro a troco de lucro.
Há um mês atrás responsabilizámos o Duarte Cordeiro por se sentar à mesa com empresas fósseis para mentir sobre uma falsa transição verde. Denunciámos que a Galp e a EDP tinham o governo no bolso. Alguns comentadores disseram que o governo e as empresas estavam a assegurar a transição. Mas afinal estávamos apenas uns meses à frente da Ministério Público.
A transição energética justa rumo ao fim ao fóssil e à descarbonização nunca vai acontecer nos termos de um sistema fóssil dominado pelo lucro e cheio de falsas soluções. O nosso futuro só pode ser assegurado num sistema que esteja orientado para a democracia energética. E o nosso futuro não é negociável – precisamos do fim ao fóssil até 2030 e da eletricidade 100% renovável e acessível.
Esta transição só pode acontecer nos termos da criação de um serviço público de energias renováveis orientado para o controlo público e democrático da energia por parte de por governos, sociedade civil, trabalhadores e sindicatos. Esta é a única forma de garantir a transição energética para travar a crise climática e de desmantelar de um sistema fóssil que dirige os governos e instituições pela lógica do lucro.
Estamos determinadas a lutar pelo nosso futuro e pela mudança sistémica necessária. As instituições e o sistema fóssil não vão ter paz até haver um compromisso com esta transição. A crise climática e as crises sociais não esperam, é hora de construirmos os caminhos que nos vão travar do colapso climático e do colapso social.
O governo caiu, mas qualquer que seja o governo, este ou o próximo, não vai haver paz até ao Último Inverno de Gás. A crise climática não para e o nosso futuro tem de ser assegurado. Para quem pretende formar governo, esta é a vossa oportunidade de se pronunciarem. Querem acabar com este sistema fóssil ou fazer parte dele? Para a pretensão de quem quer que seja ao governo ser legítima, os seus planos têm de ter estes termos no centro. Este é um momento de urgência histórico que não pode ser ignorado.
Lembrem-se sempre: sem futuro não há paz.