Introdução:
O Consenso de Ação da Onda de Outono é um acordo entre todas as pessoas que participem nas ações nas escolas e universidades e nas instituições do governo, pelo fim aos combustíveis fósseis, convocadas pela GCE Lisboa, que terão início a 13 de novembro de 2023 e que serão lideradas por estudantes.
O consenso é um pré-requisito para organizarmos uma ação transparente e acessível a toda a gente. Em ações descentralizadas e com muitas pessoas, o consenso é a nossa ferramenta principal de cuidarmos umas das outras e de garantirmos a união entre as diversas ocupações e coerência nas diversas ações pelo fim aos fósseis. Todas as pessoas que lerem e concordarem com este consenso são mais que bem-vindas a participar na onda de ações.
Contexto:
Em novembro do ano passado e em abril deste ano as centenas de estudantes que ocuparam os seus secundários e universidades fizeram história, exigindo que o governo acabasse com a economia fóssil. O governo rejeitou este apelo, mantendo o seu roteiro para o colapso climático. Mas nós não desistimos. Voltamos com mais coragem e determinação, e por isso, a partir de dia 13 de novembro, iniciamos uma onda de ações, dentro das escolas e universidades, os espaços educativos que são nossos, mas desta vez também fora, junto das instituições do governo.
O que e porquê:
A partir de 13 de novembro vamos criar disrupção em processos governamentais: nos ministérios, conselhos, sedes e instituições de poder que nos estão a levar ao colapso.
Vamos ocupar o Ministério do Ambiente e da Ação Climática, na ação convocada como Visita de Estudo, pois precisamos de interromper o normal funcionamento do governo, porque estamos em estado de emergência, e os nossos líderes não têm a reação apropriada à realidade em que estamos a viver.
A única forma de cumprir os limites impostos pela ciência é acabando com o uso dos combustíveis fósseis até 2030. Para isto, e porque energia e um planeta habitável são um direito, precisamos de eletricidade 100% renovável e acessível para todas até 2025, fazendo com que este seja o último inverno em que gás fóssil é utilizado na produção de eletricidade em Portugal.
Vamos provar que outro mundo é possível. Precisamos de criar “disrupção para parar com a destruição”, tal como afirmou o Secretário Geral das Nações Unidas, por isso vamos interromper a normalidade para que sejamos ouvidas mesmo que isso implique centenas de detenções ou qualquer outra consequência individual ou colectiva.
Como:
Todas as ocupações e ações dentro e fora das escolas serão diversas e assumirão diferentes moldes, mas vamos todas agir de uma forma calma e cuidada, e não vamos colocar nenhuma pessoa em perigo. Reconhecemos que a nossa ação pode causar incómodos para algumas pessoas que não estavam informadas sobre a mesma antecipadamente, nomeadamente outras estudantes, docentes e funcionárias públicas. Resistiremos ou contornaremos pacificamente quaisquer impedimentos de forças policiais ou de segurança. Utilizaremos diversas táticas e iniciativas criativas com o objetivo de suster a disrupção e parar o normal funcionamento das escolas e do governo. As ações não são contra as pessoas cujas vidas possam ser por elas afetadas de alguma forma, nem é contra membros da comunidade educativa, nem forças de segurança públicas ou privadas. A nossa ação é contra a economia fóssil e por justiça climática, e motivada por um sentimento de urgência face ao nosso presente e futuro e uma enorme esperança acerca do que podemos alcançar se toda a sociedade se mobilizar por justiça climática connosco.
Assim, convidamos todos os membros da comunidade educativa da escola ocupada a juntar-se à ocupação e convidamos toda a sociedade civil a apoiar as ações e a criar disrupção nos processos governamentais.
A onda de outono e a ação da Visita de Estudo é divulgada publicamente e todas as pessoas, com ou sem experiência prévia, são bem vindas a participar nas ações e na ocupação da sua escola ou faculdade e ações disruptivas fora do espaço escolar. A segurança das estudantes e todas as pessoas envolvidas é a nossa prioridade principal. Para assegurar isto vamos preparar-nos com formações para a ação asseguradas pela GCE Lisboa, abertas a todas as pessoas. Tomaremos conta umas das outras antes, durante e depois da onda de ações, e estaremos vigilantes face às necessidades das pessoas que nos rodeiam. O curso da Onda de ação será decidido nas Assembleias pelo fim ao fóssil em conjunto com a articulação de núcleos. A ação de Visita de Estudo será construída também nas Assembleias pelo Fim ao Fóssil, em conjunto com a equipa de ação da GCE Lisboa; e no dia 24 de Novembro o seu curso é decidido entre a equipa de ação da GCE Lisboa e o plenário de delegados. As ações a acontecer fora das escolas a partir de dia 13 de novembro são decididas no espaço da GCE Lisboa, aberto a quem se quiser juntar, e estarão dentro deste consenso de ação. Assumimos a responsabilidade coletiva pelo sucesso da Onda. Vamos assegurar um processo transparente, com respeito a todas as envolvidas, e não toleraremos qualquer tipo de discriminação.
Quem:
Somos pessoas de diversas origens sociais e políticas. Vemo-nos como parte do movimento estudantil e pela justiça climática, a quem cabe atualmente o enorme desafio de travar o colapso climático. A nossa luta é contra o sistema vigente e todos os sistemas interligados de opressão e discriminação.
Estamos em solidariedade com todas as pessoas afetadas pelas alterações climáticas e pela crise de custo de vida, e com as estudantes por todo o mundo que, como nós, participam no movimento “End Fossil”.
Vamos parar tudo para provar que é possível um mundo novo, livre de opressão e discriminação, e desafiar-nos mutuamente a construir uma sociedade mais justa, equitativa e inclusiva, livre de fósseis e de opressões, onde a vida esteja no centro.