Exigimos a demissão do ministro da economia e do mar, António Costa e Silva. Porquê?
Porque é inaceitável termos alguém com o currículo de António Costa e Silva a conduzir a economia do país
Há muitos atores para responsabilizar pela crise climática, e responsabilizamos os governos de todo o mundo, bem como as empresas. Contudo, é inaceitável que uma figura com laços diretos à indústria fóssil seja encarregue de dirigir a economia do nosso país.
António Costa e Silva foi durante largos anos gestor da Partex Oil & Gas, uma empresa petrolífera.
António Costa e Silva, como presidente da Partex afirmou publicamente estar contra uma das maiores vitórias do movimento pela justiça climática: o fim dos contratos para a exploração de petróleo em Portugal, tendo dito, numa entrevista ao Observador em 2018:
“quando mudou o Governo, passámos para o ciclo oposto, que é governar em função do que dizem os autarcas e a opinião pública, sem haver uma visão clara da importância que o projecto Algarve poderia ter”, disse. No entender do presidente da Partex, “uma política que hostiliza as empresas e o lucro não cria condições amigas do investimento e do desenvolvimento do país”.
Enquanto for ministro, António Costa e Silva vai estar a trabalhar para reacender o tema das explorações de combustíveis fósseis em Portugal
Um dos poucos pontos a favor da nossa Lei de Bases do Clima é, segundo o artigo 45, proibir novas concessões de prospeção ou exploração de hidrocarbonetos em território nacional.
Em Maio deste ano, António Costa e Silva afirmou-se disponível a que empresas viessem falar com ele sobre explorar gás fóssil em Portugal:
“Ao largo da costa algarvia tenho reservas enormes de gás, mas não foi possível avançar, daí eu dizer que não valia a pena investir”, disse o ministro, sublinhando: “Se hoje existirem empresas interessadas em investir nessas reservas e se vieram ter comigo, eu não terei reservas. Eu não penso fora da caixa. Eu não tenho qualquer caixa”.
Jornal de Notícias, 12 de Maio de 2022
Um ministro não pode proferir palavras que vão contra a Lei de Bases do Clima e continuar em funções tão importantes como se nada se tivesse passado.
No que dependesse de António Costa e Silva, neste momento Portugal estaria furado de norte a sul para poder engordar ainda mais os lucros de petrolíferas.
Porque sob a tutela de António Costa e Silva, o dinheiro vai para os bolsos dos acionistas e não para uma transição justa e investimentos na educação
Tal verifica-se nos lucros extraordinários das petrolíferas que têm como base a exploração, aumento do custo de vida e aumento dos preços da energia.
António Costa e Silva recusa-se a taxar os lucros extraordinários das grandes empresas. Mesmo sendo isto sancionado pela União Europeia e feito em vários países, em Portugal contamos com um ministro que se recusa a sequer contemplar a aplicação de um imposto extraordinário às empresas (energéticas e não só) cujos lucros têm vindo a galopar nos últimos meses: Enquanto as pessoas sofrem e o custo de tudo aumenta, a EDP aumentou os lucros em 181& entre Janeiro e Setembro, e a GALP aumentou os seus lucros em 86% desde o último ano.
Questionado sobre o debate de taxar as petrolíferas, António Costa e Silva afirmou ao Diário de Notícias, que “nesta altura não, de todo”, acrescentando como justificação, ao Jornal de Negócios, que “as empresas não estão preparadas”.
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Há fósseis no governo, e António Costa e Silva é apenas um deles. Contudo, exigimos a demissão de uma figura que não está preparada para enfrentar nem a crise económica, nem a crise climática com seriedade, sendo incapaz de pôr a vida das pessoas, e não o lucro das petrolíferas, no centro.
O governo não vai parar os seus projetos suicidas se não o fizermos parar, se não pararmos a sociedade. Paramos para avançar. Vamos ocupar para desestabilizar a normalidade até que as nossas reivindicações sejam atendidas: exigimos o fim aos combustíveis fósseis até 2030, e o fim a todos os fósseis no governo, começando peloatual ministro da Economia e do Mar e Ex CEO da petrolífera Partex Oil and Gas, António Costa e Silva.
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