A ciência climática é clara. Sem ação drástica e imediata, o colapso do mundo vivo que nos sustém é inevitável. O aumento de 4ºC para onde nos dirigimos implica múltiplas catástrofes irreversíveis que cientistas nos suplicam para impedir. Suplicam-nos, no último relatório do IPCC, que mudemos radicalmente o mundo, antes que ele mude tudo por nós.
Confrontadas com um mundo infinitamente diferente do que herdámos, mesmo assim pede-se gentilmente aos poderosos o mesmo que quem nos falhou pede há 50 anos.
Pede-se que os poderosos façam o seu trabalho – mas o seu trabalho é falhar – patrocinados por grandes empresas de combustíveis fósseis, o seu trabalho é protegê-las acima da vida humana na terra, levando a cabo do suicídio coletivo da nossa espécie.
E o trabalho da psicologia tem sido ajudá-los:
Quando populações inteiras, por causa de secas históricas, nada têm para comer; Quando crianças protestam na rua que este é o planeta que precisam para viver; Quando nos colocam o fim do mundo no consultório…diagnosticamos uma ansiedade ou depressão, dizemos que não são normais, que lhes faltam estratégias de coping.
A doença mental é um mal social, mundial, histórico – um mundo doente cria pessoas doentes com ele. Serão as pessoas desabituadas à catástrofe as loucas? Que coping no consultório nos vai salvar quando temos tudo para perder? Quando prevenir à escala do indivíduo é impossível, agir à escala da sociedade é a única resposta adequada.
100 empresas são responsáveis por 71% de todas as emissões de gases de efeito de estufa. Nenhuma resposta individual nos vai salvar. Ninguém lá em cima nos vai salvar.
Só nós, nos nossos espaços, onde somos mais, é que podemos ganhar.
Por isso, no primeiro semestre de 2022/2023, vamos ocupar várias faculdades do país e do mundo (Alemanha, Argentina, Canadá, Colômbia, EUA, Espanha, França, Itália, Libéria, Peru, Uganda, Índia…), exigindo, também na FPUL, o fim aos fósseis.
Em Portugal exigimos o fim aos combustíveis fósseis até 2030, e a demissão dos fósseis no governo, especialmente o nosso ministro da economia, literalmente um barão do petróleo.
Numa sociedade e economia que produzem a crise climática, ocupar instituições é rejeitar a obrigação e aceitação apática de alimentar esta máquina que tritura o valor da vida.
Resistir nas faculdades de uma sociedade e economia que dependem de nós para funcionar é resistir com autoridade pelo futuro que é só nosso, e não dos poucos que o querem vender.
Como jovens queremos a ajuda de toda a gente para montar ações onde bloqueamos o funcionamento das faculdades, exigindo o futuro que queremos e precisamos de criar, até ao governo ceder ou nos retirarem, voltando no semestre seguinte, até vencermos.
Agarra a nossa mão, temos um futuro para ganhar.