Por saberem que a crise climática e a crise do custo de vida têm a mesma origem – um sistema viciado em combustíveis fósseis – o Climáximo, a Greve Climática Estudantil e Scientist Rebellion Portugal vão participar e apelam à participação na manifestação “Vida Justa” de 25 de Fevereiro. 

O aumento do custo de vida dos povos nos países por todo o mundo e em Portugal é consequência de uma economia capitalista construída para ser viciada em combustíveis fósseis. Os lucros das petrolíferas triplicaram em 2022 e, por exemplo, a Shell registou lucros como já não registava há 115 anos, duplicando os lucros de 2021. A Exxon Mobil fez em 2022 mais lucros do que alguma petrolífera europeia ou americana alguma vez fez na História. Por cá, a Galp nos primeiros nove meses de 2022 atingiu valores de lucros de 608 milhões de euros, um valor que superou em 86% os lucros atingidos no mesmo período do ano anterior. A Galp e a EDP registaram juntas mais de mil milhões de euros em lucros nos primeiros nove meses do ano.

Ao mesmo tempo, é devido à extração, importação e queima de gás fóssil e de outros combustíveis fósseis que actualmente estamos à beira do colapso climático.

A inflação com que nos bombardeiam todos os dias tem uma fonte inequívoca: a especulação que usa uma suposta falta de energia fóssil como desculpa para um aumento de preços generalizado.

Até a Agência Internacional de Energia refere taxativamente: “os altos preços da energia estão a causar uma enorme transferência de riqueza dos consumidores para os produtores, para níveis similares aos de 2014 no caso do petróleo, mas totalmente sem precedentes no caso do gás natural. Os preços altos dos combustíveis são responsáveis por 90% do aumento dos custos médios da geração de eletricidade a nível global, com o gás natural à cabeça, sendo responsável por mais de 50% do aumento.”

Durante os últimos 50 anos, as petrolíferas fizeram em média 2,9 mil milhões de euros por dia. Em 2020, receberam 9,5 milhões de euros de subsídios públicos por minuto. Construíram um sistema social e tecnológico e um regime político completamente viciados em petróleo e gás com o dinheiro dos nossos impostos.

A crise social que vivemos também se reflete num cenário de pobreza energética crescente, em que entre 660 a 680 mil pessoas que vivem numa situação de pobreza energética severa e que acumulam a “situação de pobreza monetária ou económica” com a impossibilidade de manterem as suas casas em condições de conforto térmico.

Só um plano de mitigação baseado na ciência climática e dirigido para a justiça social e democracia energética nos permitirá garantir que todas as pessoas têm garantida uma  “Vida Justa” e digna.  A energia é um bem essencial, e por isso deve ser gerida democraticamente na ótica do serviço público e em prol do bem comum.

Para combater a crise climática e o custo de vida, estes colectivos pela justiça climática reivindicam:

– 100% de eletricidade renovável e acessível a todas as famílias até 2025, com vista ao fim do uso de todos os combustíveis fósseis até 2030.

– Criação de um serviço público de energias renováveis

– Investimento público na construção e requalificação contra a pobreza energética

– parar todos os novos projectos que levem ao aumento de emissões, como um novo aeroporto ou um novo gasoduto.

Comentários

No comments yet. Why don’t you start the discussion?

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *