O Consenso de Ação é um acordo vinculativo para todas as pessoas que participem nas ocupações de escolas e universidades pelo fim aos combustíveis fósseis convocadas pela GCE Lisboa, que terão início a 7 de Novembro e que serão lideradas por estudantes.
O consenso é um pré-requisito para organizarmos uma ação transparente e acessível a toda a gente. Em ações descentralizadas e com muitas pessoas, o consenso é a nossa ferramenta principal de cuidarmos umas das outras e de garantirmos a união entre as diversas ocupações pelo fim aos fósseis. Todas as pessoas que lerem e concordarem com este consenso são mais que bem-vindas a participar na ocupação da sua escola ou universidade.
Há três anos começámos a faltar às aulas porque queríamos reclamar o futuro, futuro esse para o qual nos estariam a preparar. Agora, face à inação, ocupamos e perturbamos o funcionamento normal das nossas escolas para gritar alto e bom som que sem o fim aos fósseis não há futuro. Temos de interromper a normalidade para podermos radicalmente mudar tudo. Começamos, então, pelas instituições de ensino, os espaços que a sociedade elegeu para nos prepararmos para o futuro.
O governo não vai parar os seus projetos suicidas se não o fizermos parar, se não pararmos a sociedade. Paramos para avançar. Dia 7 de Novembro vamos começar a ocupar as nossas escolas e universidades para desestabilizar a normalidade até que as nossas reivindicações sejam atendidas: exigimos o fim aos combustíveis fósseis até 2030, e o fim a todos os fósseis no governo, começando pelo atual ministro da Economia e do Mar e Ex CEO da petrolífera Partex Oil and Gas, António Costa e Silva.
Cada ocupação poderá ainda ter as suas próprias reivindicações, desde que seguindo as reivindicações base e os três princípios base da ação: 1) liderança estudantil; 2) enquadramento de justiça climática; e 3) ocupar até vencer.
Todas as ocupações serão diversas e assumirão diferentes moldes, mas vamos todas agir de uma forma calma, e cuidada, e não vamos colocar nenhuma pessoa em perigo. Resistiremos ou contornaremos pacificamente quaisquer impedimentos de forças policiais ou de segurança. Utilizaremos diversas táticas e iniciativas criativas com o objetivo de suster a disrupção e fazer crescer a ocupação.
As ocupações não são contra as pessoas cujas vidas possam ser por elas afetadas de alguma forma, nem é contra membros da comunidade educativa, nem forças de segurança públicas ou privadas. A nossa ação é contra a economia fóssil e por justiça climática, e dirigida a um sistema de ensino apático face ao colapso civilizacional.
Reconhecemos que a nossa ação pode causar incómodos para algumas pessoas que não estavam informadas sobre a mesma antecipadamente, nomeadamente estudantes, docentes e auxiliares. Por isso, queremos expressar que o fazemos porque para evitar o colapso civilizacional, precisamos de criar disrupção nos nossos espaços. Convidamos todos os membros da comunidade educativa da escola ocupada a juntar-se à ocupa. A normalidade não pode continuar.
A nossa ação é divulgada publicamente e todas as pessoas, com ou sem experiência prévia, são bem-vindas a participar na sua escola/universidade, desde que devidamente preparadas.
A segurança das estudantes e todas as pessoas envolvidas é a nossa prioridade principal. Para assegurar isto vamos preparar-nos com formações para a ação prévias às ocupações.
Tomaremos conta umas das outras antes, durante e depois da ação, e estaremos vigilantes face às necessidades e capacidades das pessoas que nos rodeiam.
O curso da ação será decidido em conjunto, pelo plenário dos delegados em cada ocupação, e por um grupo com representantes das várias ocupações. Assumimos a responsabilidade coletiva pelo sucesso da ação. Vamos assegurar um processo transparente, com respeito e apoio integral a todas as envolvidas, e não toleraremos qualquer tipo de discriminação.
Somos pessoas de diversas origens sociais e políticas. Vemo-nos como parte do movimento estudantil e pela justiça climática, a quem cabe atualmente o enorme desafio de travar o colapso climático. A nossa luta é contra o sistema vigente e todos os sistemas interligados de opressão e discriminação. Estamos em solidariedade com todas as pessoas afetadas pelas alterações climáticas e com as ocupações por todo o mundo que, como nós, participam no movimento “End Fossil: Occupy!” e lutam pelo fim aos fósseis e por um planeta justo e habitável.
Ambicionamos criar um espaço mais seguro em cada ocupação, livres de opressão e discriminação, e que pelo contrário nos desafie a construir uma sociedade mais justa, equitativa e inclusiva.
Vamos ocupar para provar que é possível um mundo novo, livre de fósseis e de opressões, onde a vida esteja no centro. Junta-te a nós!
– Aprovado no “Peço a Palavra” de 16 de Outubro de 2022.
Venho por este meio deixar o meu apoio à causa ambiental, que é de todes.
Obrigada pela vossa coragem, resiliência e por estarem do lado certo da luta!
Têm em mim uma aliada.