Nas ocupações de Novembro dissemos “na primavera de 2023 comprometemo-nos a voltar com mais força para vencermos, ocupando pelo menos o dobro de escolas/faculdades do que ocupámos este novembro, e comprometendo-nos ainda a que pelo menos uma destas ocupações seja realizada fora de Lisboa, expandindo esta luta urgente e universal ao resto de Portugal.”
E foi isto que fizemos, pelo fim aos combustíveis fósseis até 2030 e por 100% de eletricidade renovável e acessível para todas até 2025, ou até que 1500 pessoas se comprometessem a parar o crime com as suas próprias mãos, porque o governo já mostrou que não vai resolver esta crise urgente, participando na ação de parar o gás dia 13 de Maio para parar o funcionamento do Porto de Sines.
Por toda a Europa, milhares de estudantes do End Fossil Occupy! ocuparam mais de 50 escolas pelo fim aos combustíveis fósseis.
Já em Portugal, estudantes mobilizaram-se para ocupar e fazer ações em 15 escolas e universidades[1] por todo o país, desde 26 de Abril até 11 de Maio, bloqueando ainda o Porto de Sines no dia 13 de Maio na ação de Parar o Gás.
Ao longo destas semanas, para além de várias ações disruptivas em todas estas escolas e universidades, muitas das quais feitas por estudantes que nunca tinham participado em nenhuma ação coletiva por justiça climática:
- Mais de 200 estudantes, de 5 regiões de Portugal (Algarve, Coimbra, Setúbal, Lisboa e Porto) mobilizaram-se para ocupar e fechar as suas escolas;
- Fechámos dois secundários por mais do que um dia (António Arroio e Liceu Camões) e fechámos temporariamente mais três secundários (Tomás Cabreira, D. Luísa de Gusmão e Rainha D. Leonor);
- Fechámos uma faculdade pela primeira vez em Portugal pelo fim aos combustíveis fósseis, a Faculdade de Psicologia da Universidade de Lisboa, e fechámos temporariamente a torre principal da FCSH e a entrada principal da Faculdade de Letras;
- Na Faculdade de Belas Artes conseguimos que o diretor apelasse à disrupção para parar com a destruição e cedesse a faculdade para treinos de ação de parar o gás;
- Levámos a luta para fora das escolas, bloqueando ruas para informar as pessoas de como podiam agir em conjunto com as estudantes que estavam a ocupar;
- Agimos de forma corajosa, coletiva, cuidada e criativa ao longo de mais de duas semanas para apelar a que a sociedade criasse disrupção para parar com a destruição connosco, e conseguimos o compromisso de 250 pessoas para se juntarem a nós no dia 13 de Maio;
- No dia 13 de Maio, juntámo-nos a centenas de pessoas no Porto de Sines e parámos o crime do gás fóssil com as nossas próprias mãos.
Conseguimos fazer o que dissemos que íamos fazer. Ocupámos com o dobro da força e disrupção e expandimos esta luta para fora de Lisboa.
As instituições continuaram a não fazer o que disseram que iam fazer: salvaguardar o nosso direito à vida, à educação e a um futuro. Por isso, parámos o crime com as nossas próprias mãos e não deixámos ninguém para trás.
Contudo, não conseguimos que todas as pessoas que queríamos se juntassem a nós para parar com os combustíveis fósseis.
Após esta nova vaga de ocupações, vamos agora juntar-nos este verão no acampamento juvenil “Clima Summer Fest”, de 30 de Junho a 4 de Julho, em Leiria, para fortalecermos a nossa luta estudantil de modo a voltarmos com ainda mais força, criatividade e disrupção no próximo ano letivo, despertando a sociedade para a necessidade de tomar ação contra a crise climática porque nós somos aquelas de quem estávamos à espera para nos salvar!
[1] Secundária Tomás Cabreira em Faro, Faculdade de Letras da Universidade do Porto, Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra, Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, Instituto Superior Técnico, Faculdade de Psicologia da Universidade de Lisboa, Josefa de Óbidos (Lisboa), Luísa de Gusmão (Lisboa), Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa, Liceu Camões (Lisboa), António Arroio (Lisboa), Faculdade de Ciências Sociais e Humanas (Lisboa), Rainha D. Leonor, Secundária D. João II (Setúbal).