Dia 11 de Novembro estive num colóquio no Padrão dos Descobrimentos e apenas cheguei à FLUL às 19h30, já a polícia estava na entrada principal. Vi uma faculdade vazia e pouco mais de uma dúzia de alunos sentados a conversar em frente ao Anf. I.
Parte da minha formação (Doutoramento) foi feita no país do Maio de 68. Frequentei o campus de Nanterre onde se iniciaram as revoltas estudantis que deram origem ao movimento disruptivo que ainda hoje faz sentir os seus ecos. Nasci nos primeiros anos da democracia pelo que das revoltas estudantis dos anos 60 apenas conheço os relatos de colegas mais velhos, que nelas participaram, e por quem tenho imenso respeito.
Não consigo compreender (perante a ausência de violência e risco de vida para outrem) a decisão que conduziu à chamada da polícia a uma instituição que deve formar para a cidadania e fomentar o debate e a troca de ideias.
A minha geração lutou contra a PGA, contra o aumento das propinas e conseguiu o abandono da construção de uma barragem que iria submergir património arqueológico (que hoje é classificado pela UNESCO) no vale do Côa.
Lamento que os manifestantes sejam pouco numerosos. Tive serviço docente durante os dois últimos anos lectivos e foi minha percepção que a maioria dos alunos não tem interesses, não tem curiosidade, não tem ideais. Posso não concordar com tudo o que os ativistas climáticos reivindicam ou saber que alguns dos problemas não se resolvem através de circular da direção da FLUL, no entanto, valorizo o ativismo, iniciativa e organização destes jovens.
Por tudo isto e porque elas sabem que com ou sem bolachinhas: